Ana Palma
Depositphotos/Divulgação |
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Nos dias de hoje, é cada vez mais constante ver figuras corpulentas terem suas vidas expostas nos espaços midiáticos e, assim, influenciando a imaginação do público na construção de um ideal de corpo perfeito. A malhação tornou-se uma atividade física popular, que alimenta o sonho de melhorar o corpo.
Tais figuras acabam provocando também o interesse dos mais jovens pela academia. Não é mais novidade vermos, por exemplo, adolescentes de 12 anos chegando em casa e pedindo aos pais para começar a fazer musculação.
O pedido, porém, faz muitos pais tremerem diante de um turbilhão de dúvidas. Afinal, a musculação pode ser feita na adolescência? Ela atrapalha o crescimento? Leva à atrofia dos músculos? Não seria melhor continuar na velha e boa escolinha de futebol, fazendo vôlei ou natação?
Praticar academia por necessidade e indicação médica é essencial, mas o cuidado deve acometer jovens que apenas querem ir para mudar o corpo antes do tempo ideal.
Fernanda Claudino tem 21 anos, mas começou a ir na academia aos 16 anos por conta própria, pois não estava contente com seu corpo. À época, estava abaixo do peso e por conta própria começou a frequentar o espaço. Em razão das medidas –segundo ela, só usava tamanho de criança– deu início à “boa frequência de treino durante as semanas” e aos poucos percebeu que estava ganhando massa muscular. “Iniciei a academia com 39,7 kg aos 16 anos, e hoje tenho 55,5 kg com 21 anos”, comenta.
O personal trainer Elton Guimarães, 31, alerta que os mais novos precisam ter certos cuidados antes de iniciarem uma academia. Ele explica que a atividade física de alta intensidade, sem ajuda de um profissional, pode acarretar traumas esqueléticos em razão do estresse gerado pela carga, além de acelerar o processo de calcificação óssea em um esqueleto em formação. “O que pode causar lesões em um corpo que ainda não está totalmente desenvolvido é, principalmente, um treino com cargas excessivas, mas também movimentos executados de maneira inadequada”, comenta ele.
Foto: Arquivo Pessoal |
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Segundo o personal trainer Elton Guimarães, a falta de cuidados pelos mais novos pode acarretar lesões sérias e afetar no desenvolvimento |
A malhação já foi acusada de deixar a molecada baixinha. E isso até acontece, mas não por causa dos movimentos em si, e sim em razão de uma intensidade elevada demais. O excesso de carga, não importa o tipo de atividade, causa microtraumas nos ossos, o que pode interromper o crescimento ou provocar deformações. Um corpo ainda imaturo fica especialmente sujeito a lesões se submetido a atividades pesadas.
Por isso é preciso ser supervisionado por educadores físicos qualificados. Os exercícios resistidos, na medida ideal, acarretam benesses para o esqueleto que se estendem à vida adulta.
Essas atividades aumentam a densidade óssea, diminuindo o risco de, no futuro, o indivíduo ter osteoporose, por exemplo. Isso sem falar que deixam a musculatura equilibrada, trazendo uma melhor coordenação e afastando as contusões. “O exercício físico resistido, como na musculação, pode trazer diversos benefícios, como controle do peso e percentual de gordura corporal, controle de massa magra, melhora da postura, simetria corporal, aumento do consumo de calorias pelo metabolismo basal, melhora da autoestima”, explica o personal trainer.
É preciso ficar atento, dar muita atenção à estética, nessa fase, costuma terminar em exageros que, como vimos, não fazem nada bem. E, de quebra, contribuem para disseminar o conceito errado de que musculação sabota o desenvolvimento. Muito pelo contrário.
Praticado na medida certa é benéfico
Um estudo feito pela Universidade de Granada, na Espanha, confirma o efeito benéfico dos exercícios de força na prevenção do diabetes, por exemplo. Após avaliar 1.053 voluntários entre 12 e 18 anos, os cientistas descobriram que músculos bem condicionados facilitam o trabalho da insulina, a responsável por tirar açúcar da circulação e colocá-lo dentro das células.
Essa pesquisa foi realizada pelo educador físico David Jiménez Pavón, e ele também revelou que bíceps, tríceps “e companhia” em forma estão associados a um bom funcionamento da leptina no corpo da garotada. “Essa substância regula o apetite. Portanto, ao menos em teoria, os treinos de força podem ajudar adolescentes a não comer além da conta”, comentou ele em uma entrevista à revista “Saúde”.
Foto: Arquivo Pessoal |
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Fernanda Claudino começou os treinos na academia aos 16 anos, mas sem orientação e cuidados básicos para fazer uma atividade física |
Segundo a pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, 47% dos brasileiros entre 12 e 18 anos sofrem com o sobrepeso